A Eme(U)rgência da Educação Digital

A Educação digital, e o facto de ser hoje uma expressão utilizada constantemente, por fazer parte do nosso dia a dia enquanto pais, educadores* ou alunos, pode ser erradamente confundida com a transposição de um modelo de ensino-aprendizagem presencial para um modelo online. E, nos dias que correm, já todos ouvimos falar de alguns casos destes. No entanto, a educação digital é um conceito amplo, no qual a tecnologia e as ferramentas digitais são mais um recurso pedagógico colocado ao serviço de princípios educativos ativos, diversificados, com base na criatividade, colaboração, pesquisa, experimentação, resolução de problemas e comunicação.

Conceito gerador de controvérsia, que até há algum tempo, enfrentava algumas resistências, afirma-se atualmente e, em resposta à crise pandémica que vivemos, como uma forma de ensino-aprendizagem que promove a autonomia do aluno, mas não substituirá, nunca, as relações que se criam entre este e o educador e que, sabemos, influenciam positivamente, ou não, as aprendizagens e o gosto pelas vivências escolares.

Partindo do pressuposto de que o ambiente é o terceiro educador, o ambiente digital, cuja imensidão de possibilidades nos coloca, imediatamente disponível, informação ampla sobre os mais variados assuntos, através de diferentes e interativos suportes, tem agora a oportunidade para se integrar efetivamente nas salas de aula e contribuir para a motivação e o sucesso escolar dos alunos.

Quadros interativos, podcasts, robótica, programação, gamificação e a possibilidade de “estar juntos” à distância são simples exemplos de recursos que podem ser usados em ambientes (digitalmente) educativos.

Nesta perspetiva, como tudo, a educação digital enfrenta ainda grandes desafios, nomeadamente no que concerne à acessibilidade – por exemplo, de internet e dispositivo móvel ou portátil – à capacitação – de docentes e pais/cuidadores, para acompanhamento das crianças e jovens – e à educação dos próprios para que, desde cedo, possam ter perceção sobre regras básicas de segurança e proteção de dados, numa ótica de utilizador nativo e consciente.

Será este um efeito positivo da pandemia – impulsionar processos de mudança – que já se reflete em termos da procura de formação específica, da partilha de práticas pedagógicas, e da possibilidade de constituição de grupos reflexivos, de trabalho, para repensar modelos e estratégias de apoio a uma implementação da educação digital de qualidade. Prova disso, o desafio lançado pelo Instituto Piaget na Webinar Educação Digital: Desafios na Educação Pré-Escolar” (disponível na página Facebook), cuja articulação entre as áreas educativa e tecnológica, suscitou o entusiasmo e fez mobilizar profissionais para a reflexão sobre estes processos.

Aguardamos esta iniciativa com agrado e, pela nossa parte, disponíveis para colaborar.

 

*Educadores leia-se profissionais que colaboram na educação.

Susana Alberto, GET Consulting